quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Milagre em Alfarelos poderá rivalizar com o de Fátima

(atualização ao post)
O jornal Público já avançou com uma potencial explicação, que podem comparar com aquela que eu dei

Para quem viu imagens do desastre ferroviário em Alfarelos esta semana, certamente que achará um milagre terem havido apenas 11 feridos, ligeiros, e que entretanto já tiveram alta !

As imagens são arrepiantes e a composição que estava parada e que sofreu o embate (comboio regional, tipo Automotora elétrica) ficou com a carruagem traseira literalmente desfeita, para além das outras duas terem tombado.
A composição Intercidades que embateu na traseira do Regional, pelo facto de ter uma locomotiva à frente bastante pesada, basicamente "levou à frente" a carruagem traseira do Regional, como se fosse um camião a  embater num automóvel ligeiro.

A conclusão a que chego é que o Regional ia praticamente VAZIO, e quase de certeza que a última composição transportava ZERO passageiros. Tal facto não me espanta, já que como cheguei a referir no Contas Caseiras, as finanças da CP são tão más que uma das causas é certamente a falta de passageiros a circularem nas suas composições.

Em relação ao acidente, pensei um bocadinho sobre o assunto, e com a informação que foi possível obter na Internet, para além de viajar frequentemente nesta linha, tanto em Pendular como em Intercidades, penso que o que vou afirmar não andará longe da verdade:

Premissas:
1. O Intercidades estava em movimento, tendo embatido no Regional que se encontrava parado na mesma linha
2. O Regional tem que parar nesta Estação, o Intercidades não, circulando nesta estação a uma velocidade que oscila entre os 90km/h e os 120 Km/h. Não tenho a certeza!
3. É provável que nesta estação os comboios regionais parem numa linha secundária, permitindo a circulação de comboios tipo Intercidades e Pendular, "ultrapassando" assim os Regionais.

Análise:
1. Caso os semáforos instalados na linha uns quilómetros/metros antes indicassem ao maquinista do Intercidades que este deveria travar, e mesmo assim este não respeitasse, julgo existir um sistema automático que trava o comboio sem que o maquinista nada possa fazer, evitando a colisão
2. Infiro que os semáforos indicavam que o Intercidades podia circular sem ter necessidade de abrandar ou travar, daí o maquinista ter mantido a marcha
3. O maquinista do Intercidades, quando visualizou que estava na mesma linha do Regional, terá tentado ainda travar
4. Numa situação "normal" em que uma composição mais rápida ultrapassa outra mais lenta, é a composição mais lenta que sai da linha principal e estaciona na linha secundária até ser ultrapassada, como se mostra nestas imagens:
Composição Pendular em Alfarelos na linha principal  sem necessidade de parar
Composição Regional na linha secundária 
Potenciais conclusões:
1. Provavelmente o comboio regional estava estacionado na linha errada, impedindo o Intercidades de o ultrapassar.
2. Tal erro deveu-se ao facto de não se ter verificado o acionamento automático da agulha, que permitiria ao Regional mudar da linha principal para a linha secundária.
3. Eventualmente esse erro deriva de toda a confusão que houve no fim de semana com a suspensão da circulação em ambos os sentidos por causa de árvores caídas, tendo a reiniciação de todos os sistemas automáticos da CP e da REFER ter sido efetuada de forma como deveria ser.
4. Se é erro humano ou dos sistemas informáticos/tecnológicos não sei porque desconheço como o sistema está montado ao nível da programação das viagens..

Caso haja leitores que possuam informação que corrobore/refute o que acima referi, não hesitem em comentar.
E se algum leitor ou leitora estiver ligado à CP/REFER, espero não o ter ofendido por avançar com hipóteses de explicação.

Tiago Mestre

Sem comentários: