segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Consequências indesejáveis a quem engana mas julga que sai impune

Quem diria que seria Vladimir Putin a ajustar-se às movimentações que Ben Bernanke tem realizado com a sua moeda de estimação: o Dólar.

Numa notícia do Zero Hedge, Vladimir Putin está ativamente a querer trocar barris de petróleo por ouro. Ou seja, ver-se livre dos dólares e trocá-lo por barras reluzentes. A China já o começou a fazer também.

Humm, como reagem Ben Bernanke e Draghi a este tipo de decisões?
Talvez se estejam nas tintas, digo eu!

Como escreveu Karl Popper, um filósofo que muito estimo, a arte das ciências sociais é antever as consequências inesperadas das ações que tomamos, e sobretudo as indesejáveis, porque são essas que nos permitem avaliar o que estamos a fazer e sugerir eventuais alterações ou correções.

Neste caso como em muitos outros, os grandes líderes mundiais, ao quererem salvar o dia e o seu micro-cosmos, estão-se nas tintas para as consequências indesejáveis que provocam no resto do planeta. Que se lixe, alguém virá depois.
E de consequência indesejável em consequência indesejável, toca de continuar a fazer asneira em cima de asneira, esquecendo-se eles que ao "corrigirem" um problema estão a criar muitos outros, só que como não sabem nem adivinham, basta o Aqui e o Agora.

Culturalmente falando, a economia tal e qual como a conhecemos hoje, teve origem em sociedades que sempre se quiseram aperfeiçoar, primeiro pela ciência, depois pela técnica, e em certa medida, o que resultou do enorme progresso da tecnologia foi um conjunto de instrumentos e ferramentas que em muitos aspetos dá a sensação a quem tem o poder que pode estar a representar quase o papel de Deus. Julga que pode mesmo comandar centenas ou milhares de milhões de pessoas.
Mecanizamos e planificamos tudo quanto for possível, sempre com o objetivo de que o futuro seja previsível, ou seja, igual ao nosso presente ou até melhorado, e a verdade é que os povos destas sociedades tomaram a dianteira da civilização humana desde há 3-4 séculos, tendo depois espalhado a boa nova ao resto do mundo, como foi na América do Norte no século XVIII, no Japão já no século XX e mais recentemente na China e a Ásia em geral.

Mas os sinais começam a mostrar que afinal é difícil que esta cadeia de acontecimentos se perpetue, e na evidência de que o castelo de cartas se começa a desmoronar, toda a sociedade mecanizada e planificante, que já não é só protestante e utilitarista, mas também católica, judaica, hindu, budista e até muçulmana, começa a tremer e a aspirar por soluções políticas que "resolvam" o problema.

Deslumbrámo-nos primeiro e depois viciámo-nos na beleza do modelo, tais eram os resultados espetaculares. Tal e qual como um cientista que descobre uma fórmula e se deslumbra por ela, não sendo capaz de ver mais nada à frente.

Todos queremos que o modelo económico se perpetue, mas há sempre aquele eterno dilema de que um dia o crescimento económico infinito colidirá com um planeta de recursos finitos. Estaremos a chegar lá? Não sei...

Tiago Mestre

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