Cronologia de sexta-feira e madrugada de Sábado

O Expresso publicou  uma espécie de cronologia em powerpoint da maratona negocial entre os cleptocratas líderes europeus acerca do caso Chipre. Está muito bem feito.
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Nota pessoal:
Como podem 4, 5 ou 6 pessoas decidir desta forma e julgarem que têm tudo controlado?
Às 5 ou 6 da manhã? Depois de uma semana de trabalho? In your dreams.
O nosso Gaspar, que também lá esteve, como poderia ter ele uma participação ativa, quando horas antes apresentava o relatório da 7ª avaliação da troika em Portugal?

Nem a pessoa mais lúcida do mundo conseguiria prever todos os impactos desta manipulação descarada.
É nestes momentos que a malta claudica, e exasperados com o impasse, já aceitam qualquer coisa. 10%, 5%, 17%, 40%? É o que vier. Já estão por tudo.
Ainda não foi desta que tiveram a coragem de deixar cair os bancos falidos e chamar os credores à responsabilidade. É mais fácil e menos caótico ir ao bolso dos depositantes, sobretudo dos outros bancos cipriotas que não estão em tantos apuros. É verdadeiramente surreal.

Deve haver muito europeísta de boca aberta com tudo o que está a acontecer.
Figuras públicas conhecidas como António José Seguro, Soromenho-Marques, e muitos outros defensores, mediáticos ou anónimos, se forem humildes, estão a sentir um grande balde de água fria pela espinha abaixo.

É sobretudo nestes momentos que faz sentido ler e ouvir o NOSSO visionário Agostinho da Silva, que mesmo em períodos de prosperidade europeia já receava desta cultura norte-europeia tendencialmente autocrática em momentos difíceis.
É que o protestante/católico do Centro e Norte da Europa vive uma vida toda a tentar eliminar incertezas, a fugir de decisões complicadas e situações inesperadas, transmitindo este modo de vida aos seus filhos, e portanto não está preparado para lidar com problemas monumentais e inesperados quando estes lhes batem à porta.
Como não sabem lidar com a situação, para eles é do tipo: ou vai ou racha.

Não é por acaso que Merkel, Lagarde e o chavalinho das finanças da Holanda sugeriram cortes de 30% e 40%. Siga, é a partir tudo. Excesso de pragmatismo e défice de humanidade. Não percebem que só incendeiam mais a situação e viram todos uns contra os outros.

Tiago Mestre