quarta-feira, 19 de junho de 2013

Ben diz quer limitar as compras. A sério?

Ben Bernake disse há uns dias que estava a pensar em iniciar um processo de "tapering" das suas aquisições de tudo quanto mexe no mercado imobiliário e de obrigações soberanas americanas.

Os tais 85 biliões de dólares de aquisições mensais, bem como as taxas de juro a 0% começam a fazer estragos (ainda não revelados). Porquê?
Porque quando os ativos financeiros mais seguros do mundo roçam uma yield de 0% ou parecido, é necessário ir à procura de algo mais, e esse algo mais é invariavelmente mais arriscado.

Esse risco poderá ter consequências nefastas para as entidades que compram esses produtos (tóxicos), pelo que a tal exit strategy de Ben Bernanke terá que ser muito bem estudada.
Bastou referir a palavra "taper" , o que mal traduzido poderá significar "limitar", para que muitos investidores desencadeassem vendas em massa de obrigações do tesouro americano e de outras espalhadas um pouco por todo o mundo, incluindo Portugal!

É preciso ter cuidado quando se dizem estas coisas porque há milhões de investidores dependentes e viciados na droga que Ben Bernnake prescreveu nos últimos 4 anos e meio.

Pela quantidade de dinheiro que toda esta gente pediu ao Ben a taxas de 0,25%, parece-me provável que a acumulação de liquidez em muitos bancos e organizações financeiras é gigantesca. E terá que ser esse dinheiro parado (liquidez) a servir de escudo ao "tapering" do Ben.

Se tal não acontecer, é muito provável que as taxas de juros das obrigações americanas e outras comecem a subir de forma sustentada, baixando o seu preço real e tornando os portfolios dos fundos mundiais cada vez piores. Tal resultará em maior pressão para que se venda, entrando numa espiral de carnificina financeira, já que o desmame de um estímulo da dimensão do de BEN sem qualquer ajuda por parte deste não será coisa bonita de se ver.

Fico curioso em saber se é mesmo para haver reversão nesta política ou se é apenas um apalpanço de terreno para estuar as reações do pessoal e ficar tudo na mesma.

Peter Schiff tinha toda a razão quando em 2009 afirmava que o governo americano e a Reserva Federal, na tentativa de anularem a bolha imobiliária, estavam a criar as bases para outra bolha ainda maior:
A bolha das obrigações soberanas, que a prazo se tornará numa bolha da moeda.

Como pessoalmente não acredito em modelos destes de governação centralizada, pela simples razão de que Ben e seus acólitos não conseguem prever todas as reações indesejadas de milhões de investidores a toda a hora e pelo mundo inteiro, fico na espectativa de ver o que aí vem.

Tiago Mestre

1 comentário:

vazelios disse...

Tiago pelo que se está a ver hoje, deve ser apenas um apalpar de terreno.

Como disse num comentário anterior, o nosso Uncle Ben deve estar borradinho de medo. (Estará?)