sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A Queda de um Tordo IV

Tudo começou com a exposição mediática que o cantor/autor deu à sua partida de Portugal, referindo-se ao nosso país como uma entidade que não o apoia nem lhe confere as oportunidades dignas de ele cá continuar a viver.

A imprensa, sempre à procura da miséria, da desgraça e do contraste, não hesitou em publicar a história, mas o português comum, anónimo, e que luta pela sua sobrevivência diária dificilmente acha piada ou tem comiseração pela história do Fernando Tordo.
Ainda por cima, sabendo nós que Fernando Tordo foi uma pessoa da cultura que habilmente propalou a queda do regime anterior em troca da liberdade e da democracia, ouvi-lo lamentar-se agora cheira a incoerência e hipocrisia.
Não admira que os primeiros comentários acintosos em relação à sua partida lhe desejassem uma boa viagem... para Cuba ou para a Coreia do norte.
Talvez ele não imaginasse que tal injúria lhe fosse arremetida, mas quem anda à chuva molha-se.
Pôs-se a jeito e levou umas quantas.

O problema é que quando temos a memória curta, é comum que venha alguém surpreender-nos com atos ou palavras que proferimos no passado e que refutam o julgamento ou o sentimento que estamos a fazer no presente. Certamente que já aconteceu a todos vós.

A somar a tudo isto, a malta nos blogues não anda a dormir, e rapidamente alguém encontrou os ajustes diretos que Fernando Tordo e a sua banda obtiveram junto de entidades públicas portuguesas para atuarem aqui e acolá: mais um acontecimento que certamente não estava à espera.
Fernando Tordo estava-se nas tintas se o dinheiro que recebia das Câmaras Municipais e do Estado vinha do crédito ou dos impostos, e portanto achava que no futuro a coisa nunca acabaria.

A vida não lhe está a sorrir cá, mas só em Angola estão 300 mil portugueses.
A história de Portugal, fruto dos excessos e das magrezas típicas da nossa cultura, exige a todos nós que o horizonte de emigrar e imigrar nunca se perca da vista. Quem o perdeu foi porque fechou os olhos e julgou que com democracia e liberdade o azar nunca lhe bateria à porta.

Tiago Mestre

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