quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A Soberania Popular



Com cento e oitenta anos por caminhos desviados, ao Deus dará e na submissão imperativa a teorismos e abstracções, não há forma de não admitirmos a falência ruinosa do sistema de governo representativo começado com a Monarquia Constitucional e que a República continuou, agravando-o nos princípios e nos factos.

Insensatamente foi alterado o regime económico da propriedade, abolindo-se os vínculos, deitou-se abaixo a união e a importância da Família, destruiu-se e roubou-se um vasto número de proprietários e encheram-se as instituições de uma corja de gente ociosa.

Consagrou-se o político profissional, o promotor do bem alheio para interesse próprio, o principal culpado da indisciplina do povo e da falta de respeito pela Lei.

Gastou-se o que se podia e o que não havia, um afã de prosperidade, criou-se a dívida e no fim mandaram-nos a conta.

Como construção intelectual, de um artificialismo grosseiro e como solução positiva da Política, o dogma da trindade redentora – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – entrou em falência aberta há muito.

A democracia que temos no Ocidente como uma alvorada, é hoje considerada um ocaso por muitos dos mestres do pensamento contemporâneo.


Afirma-se a soberania do povo, provada mentira em Ciência Política, apoiada em falso na coerência sentimentalista de alguns daqueles que arrebanham a multidão.

Alguma vez o povo foi, ou há-de ser soberano? Soberano de venda nos olhos, montado pelos políticos que com uns discursos enganosos lhes vai mandando cada vez mais carga para cima das costas.

Guilherme Koehler



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